1- Aos 32 anos, tornou-se na primeira mulher portuguesa a ter acento no CCAP. Este já era um objetivo de longa data ou tornou-se num com o passar do tempo?
R: Não diria que fosse um objetivo de longa data, porque quando comecei nesta área estava longe de pensar que isso poderia acontecer. Nessa altura só queria absorver conhecimento e ganhar experiência. Mas efetivamente tornou-se num objetivo e uma meta possível de concretizar à medida que fui avançando na carreira.
2 - Como tem sido a experiência no desempenho dessa nova função?
R: Até ao momento, tem decorrido de uma forma pacífica, apesar de ser bastante desafiante e em certa medida, complexo.
3- Sente que o mundo do futebol e do automobilismo são muito distintos? Quais as principais diferenças?
R: Enquanto jurista, devo olhar para ambos como atividades desportivas e económicas, com regras próprias a ser cumpridas. Na minha opinião, há vastas diferenças entre ambos, nomeadamente em termos de cultura, no número de clubes/profissionais envolvidos, na complexidade e âmbito das regras.
4 - No seu percurso, conta com experiência internacional, quer em Espanha como na Grécia. Em que escala é que essa experiência contribuiu para o seu sucesso atual?
R: Sempre foquei a minha carreira na parte de contencioso e arbitragem a nível internacional, e o facto de ter trabalhado maioritariamente com profissionais estrangeiros nessas áreas, naturalmente teve influência e impacto na minha carreira, na minha experiência e no meu crescimento. Hoje considero-me uma felizarda por poder trabalhar naquilo que realmente gosto. Continuo focada na área internacional, com a vantagem de o fazer no meu país e a possibilidade de explorar o mercado nacional.
5 - Neste momento, está envolvida na 14 Sports Law (principalmente futebol), FIA (automobilismo) e na Federação Portuguesa de Surf. Esta polivalência é uma das suas principais mais-valias enquanto profissional?
R: Na verdade, a génese do meu trabalho não difere muito porque está tudo relacionado (em maior ou menor medida) na resolução de litígios e aplicação de regulamentos ao caso concreto. Diria que difere mais em termos do desporto em si com as suas particularidades, do que propriamente o tipo de funções /trabalho. Prefiro a escolha da palavra flexibilidade e adaptação às funções do que propriamente “polivalência”, mas assumo - modéstia à parte - que pode ser uma das minhas mais-valias como profissional.
6 - A nova regulamentação relativa aos agentes FIFA tem sido um dos temas do momento. Sente que esta era uma medida necessária para o desenvolvimento contínuo da indústria?
R: Embora haja quem não concorde, acredito que a necessidade de existir uma regulamentação clara neste campo era imperativa. Não quer dizer que todas as medidas estejam delineadas da melhor forma, mas também faz parte ir avançando no tempo e ir adaptando os regulamentos à medida das necessidades e critérios da própria indústria.
7 - O desporto no geral tem-se assumido cada vez mais como um espetáculo de entretenimento para o público. Qual o impacto que essa evolução tem tido no direito desportivo?
R: São campos distintos, mas complementares. Mesmo sendo considerado como entretenimento, tem de haver regulamentação em vários aspetos e essa regulamentação tem de ser bem aplicada pelos órgãos competentes caso a caso, correndo o risco de o desporto como “entretenimento” perder importância e credibilidade.
Podemos diferenciar de certo modo os regulamentos competitivos daqueles que envolvem o negócio do desporto, sendo que ambos têm de convergir com o objetivo de cada modalidade conquistar o seu “espaço” no mercado do entretenimento.
8 - Qual a relevância que eventos como o Thinking Football Summit possuem na evolução das atividades ligadas ao desporto, como é o caso do direito desportivo?
R: É inegável que estes eventos permitem que se facilite o networking profissional, sendo uma alavanca importante de potenciais sinergias entre entidades/agentes distintos, onde se inserem os profissionais da área de direito desportivo.
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